Os
Sonhos
Todas as noites, enquanto você dorme, um
mundo de fantasia descortina-se e
enredos são formulados de formas das mais inusitadas.
Por Abnézer Lima da Silva
Você já passou por isso, tenho certeza, aquela parte
que você ainda não vivenciou; romances,
fantasias, aventuras, guerras, batalhas, passado, futuro, lembranças da
infancia, e talvez até mesmo do futuro.
Civilizações diferentes, nunca antes
imaginadas, o centro da terra, outros planetas e galáxias.
Neste estado é
possível vivenciar qualquer tipo de fantasia, aqueles desejos reprimidos são permitidos em estado de vigília,
situações aterrorizantes são experimentadas.
Podemos ser algozes e vítimas, perdedores e
vencedores, experimentar a vida e a morte, passar por vários nascimentos,
situações de guerra e bonança.
Tudo com muito realismo.
E as alterações físicas
experimentadas e analisadas em laboratórios não deixam dúvidas quanto a isso.
Batimentos cardíacos alterados, sudorese, aceleração
respiratória, são alguns dos sintomas de quando se tem um pesadelo vivido.
A história e a
importância dos sonhos
Em toda a
história nos deparamos com situações e relatos
de sonhos como mensageiros de divindades, quer seja nos
relatos bíblicos, na mitologia,
antropologia, religiões, etc; que influenciou a vida de governantes, de comunidades e até como profecias de grandes
acontecimentos.
Nas Sociedades
primitivas, os sonhos eram tão importantes que a primeira atividade do dia era compartilhar os sonhos
coletivamente.
Nas
culturas da antiguidade, edificavam-se templos próprios para sonhar, pois conferia-se aos sonhos um poder de cura, uma
fonte de verdades profundas.
No entanto , a visão de mundo baseada nos valores
Newtoniana/Cartesiana, onde só é real o que pode ser explicado e comprovado por
leis mecânicas, relegou os sonhos ao âmbito da subjetividade, da
irracionalidade, não merecendo, portanto serem levados em consideração.
Freud em 1990, recupera o
valor do sonho ao dimensioná-lo como realização de desejos e um caminho para a compreensão do
inconsciente.
Jung amplifica a
importancia do sonho no processo
analítico ao o chamar de mensageiro da
cura, sabedoria intuitiva do inconsciente , mecanismo de auto regulação da
psique, expressão do inconsciente coletivo.
Na Psicanálise Integrativa, os vários
personagens que aparecem nos sonhos, revelam traços de personalidade do próprio
sonhador, a forma como ele conduz sua vida, e principalmente como ele vê os
estados de consciência presentes.
Sabemos que durante o sono manifesta-se uma
consciência onírica mais ampla, diferenciada, que dedica-se a novas atividades
interiores.
Quanto mais cultivamos o nosso ser interior , mais os sonhos ganham
realidade e significado.
Na atualidade,
inúmeras pesquisas tem sido realizadas
em relação ao sono e sonhos e comprovam o que à séculos os antigos já previam.
Esclarecem que os sonhos são necessários
para a manutenção da saúde e do equilíbrio emocional.
Pessoas que são impedidas
de sonhar manifestam instabilidade,
dificuldade de concentração, ansiedade e
agressividade.
Os sonhos , na concepção de Jung, expressam um auto
retrato espontâneo , em forma simbólica , da real situação do inconsciente.
Evidenciam uma situação específica e imediata
de nossa vida.
Os vários personagens colocam em foco as diversas
personalidades que coabitam em nós e compõe a nossa totalidade.
As imagens e
personagens do sonho devem ser consideradas
como partes do sonhador e de sua
dinâmica interior.
São mensageiros, mediadores entre o consciente e o
inconsciente.
Mas para que servem os sonhos
Os sonhos
tem por finalidade compensar unilateralidades e parcialidades da consciência ,
revelar problemas , atitudes e reações do sonhador.
Tem como objetivos oferecer os caminhos para a solução dos conflitos, fornecendo respostas
criativas, inspirações, orientações, conhecimento.
Os sonhos também corrigem distorções, fazem
advertências, sinalizam e prognosticam os perigos e conseqüências
decorrentes de fixações em determinados
estados de consciência limitantes.
Eles permitem ainda o resgate de memórias
pessoais e coletivas, bem como antecipar acontecimentos futuros, (sonhos
de percepção extra sensorial).
Podem ser recorrentes, com temáticas
repetitivas, o que significa que a mensagem que o sonho deseja revelar não foi
ainda codificada.
Referem-se 'a conteúdos que evitamos, não
compreendemos ou ignoramos, ou que fizemos nada para solucionar.
O inconsciente insiste em oferecer
oportunidades de consciência , enviando
mensagens, procurando um símbolo mais acessível e que o sonhador aceite.
Uma vez que
o conteúdo tenha sido integrado a
consciência , deixa de ser repetido.
A linguagem simbólica dos sonhos
É característica
dos sonhos expressarem-se com imagens e em linguagem simbólicas, o símbolos
provém de palavras gregas Sym(comum) e balon (Aquilo que foi lançado).
Portanto
, símbolo refere-se á união de coisas
que tem algo em comum.
Também é definido como imagem significativa.
Jung
concebe símbolo como a melhor apresentação possível para um conteúdo psíquico relativamente
desconhecido, que não pode ser descrito por uma única palavra ou idéia, que não
está podendo ser compreendido e integrado 'a consciência.
O que já foi plenamente decodificado e compreendido
deixa de ser símbolo e torna-se um sinal. os símbolos possuem uma dimensão
individual e coletiva universal.
Costumam surgir em momentos de conflitos e de tensão
entre opostos, quando nos sentimos perdidos ou confusos por não estarmos
sabendo conduzir uma problemática interna ou externa.
A função do símbolo é fornecer esclarecimentos sobre
a situação presente, bem como soluções através de sonhos, fantasias e
imagens.
Favorecem a síntese dos opostos, a integração de aspectos
inconscientes.
Tem portanto uma finalidade curativa, auto reguladora e de
amplificações de consciência.
Como interpretar os sonhos e
obter respostas
Muitas pessoas, atualmente, já estão conscientes da
importância e do valor dos sonhos e
habituaram-se a anotá-los sistematicamente estando ou não em um processo
psicanalítico.
Muitos já se comportam diante dos sonhos de forma
ativa. Antes de dormir fazem pedidos de sonhos, anotando com bastante
objetividade a pergunta que esperam ver respondidas por ele.
O objetivo que se
espera então é obter resposta para os símbolos que podem surgir.
No intuito de responder a essas questões que se
apresentam, muitas revistas e livros podem ser encontrados no mercado a fim de
que os leitores possam obter respostas
as suas perguntas e assim orientar o leitor na sua interpretação,
oferecendo significados que podem ser tomados por pesquisadores desesperados,
como estanques, fixos, automatizados e definitivos, descaracterizando assim a
definição de símbolo.
É importante esclarecer aos leitores que buscam o
auxílio de dicionário de sonhos que interpretar é mais do decodificá-los
isoladamente.
Interpretar pressupõe apreender e respeitar todo o contexto do sonho em seus
detalhes; conhecer a situação consciente do sonhador na época em que ocorreu o
sonho e ter acesso as associações por ele
realizadas.
Ainda que determinado símbolo possa sugerir um
significado, cada indivíduo pode atribuir a este um outro bastante diferente e
particular.
As amplificações dos sonhos a partir das dimensões
mais coletivas e universais dos símbolos podem ser valiosas, desde que
efetuadas após o sonhador ter feito suas
associações pessoais e desde que seja capaz de estabelecer a relação
entre o símbolo coletivo,efetivo e a sua vida, no momento presente.
A análise de apenas um sonho pode não fornecer
muitos esclarecimentos. Por isso, é
interessante poder analisar uma série de sonhos.
Pode-se então, confirmar hipóteses ou fazer
correções.
Um teste para saber se a interpretação funcionou é
observar se possibilitou uma mudança na atitude consciente.
Na verdade, a interpretação de símbolos, quer em
sonhos, fantasias ou imagens, é facilitada quando se tem conhecimentos
multidisciplinares, mas como nos esclarece Jung, a arte de interpretar
prescinde de métodos, normas e livros.
Não podemos deixar de contar é com a sensibilidade,
com os nossos registros e conexões a partir da experiência de vida, intuição,
criatividade, bem como disponibilidade e ousadia, para adentrar no novo e
desconhecido com respeito a ética.
Dormir é a senha para o encontro consigo próprio,
para a mobilização de energias curativas, para adentrar em inúmeros portais.
Considerar e compreender os sonhos refletem uma atitude de acolhimento e respeito às mais variadas expressões e manifestações do ser, em todos os estados de
consciência possíveis.
Técnica para lembrar de seus
sonhos
Uma técnica que costumo ensinar a meus pacientes
para se lembrar de seus sonhos é a seguinte:
No momento em que for dormir, deite-se
confortavelmente em sua cama, com roupas leves e confortáveis, solte seu corpo,
feche os olhos e respire fundo por umas três vezes, aproveitando ao máximo o
potencial de seus pulmões.
Dê as seguintes imagens mentais e ordens ao seu
cérebro, " Vou dormir, e dormindo sei que vou sonhar, sonhos agradáveis e
quando assim o fizer ao acordar vou
lembrar-me deles com facilidade".
Sempre mensagens positivas ao seu
inconsciente.
Ao acordar após o sonho não abra os olhos rapidamente, mas
permaneça com eles fechados e novamente formule a seguinte frase a você mesmo
" Sei que sonhei e começo a me lembrar de tudo a partir de agora".
Não se espreguice ou coisa parecida e abra os olhos lentamente, crie o hábito
de manter um bloco de papel e caneta em sua cabeceira e anote rapidamente seus
sonhos.
Francine Amaral
Psicoterapeuta Junguiana e Transpessoal
CRT 39323
f.:(11)5083 5312/cel.:(11) 8746 7646
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